EMC/ Brisa Marques é a nova diretora artística da Rádio Inconfidência

A atriz, jornalista e escritora é a primeira mulher a ocupar o cargo na emissora

brisa

Passagem. Antes de tornar-se diretora artística, Brisa foi produtora e assessora de Flávio Henrique

Há três anos integrando a equipe da rádio Inconfidência, a atriz, jornalista, escritora, cantora e compositora mineira Brisa Marques é a nova diretora artística da emissora. Ela foi nomeada por Elias Santos, que deixou a direção artística para assumir a presidência da Empresa Mineira de Comunicação (EMC) no dia 26 de janeiro.

Primeira mulher a assumir esse cargo na emissora, Brisa afirma que essa é uma conquista representativa não só para Minas Gerais, mas para o país. “Nós vivemos um momento importante de valorização da voz da mulher em vários aspectos. Então, fazer parte disso, dentro de uma área em que acredito, que é a comunicação pública, é um passo importante nessa questão da visibilidade feminina, e uma responsabilidade grande nesse sentido. Acho que essa nomeação também reflete uma mudança no modelo patriarcal em que vivemos desde sempre na sociedade”, diz ela.

Quando chegou à rádio, em 2015, Brisa foi contratada como produtora e depois tornou-se assessora de Flávio Henrique. O músico e ex-presidente da Empresa Mineira de Comunicação faleceu no último dia 18 em decorrência de complicações por febre amarela.

Antes de trabalhar ao lado de Flávio Henrique, Brisa já era parceira dele em projetos musicais. “Eu não imaginava que nos reencontraríamos numa instituição como parceiros profissionais e ocupando cargos administrativos”, relata.

A agora diretora artística da emissora reforça a intenção de prosseguir com o projetado delineado por Flávio Henrique em sintonia com Elias Santos. “Sem sombra de dúvida, quero dar continuidade a esse trabalho, e, claro, ousar. Eu já fazia parte desse processo, e quando Elias propôs a minha nomeação, acho que ele sabia que sou uma ousada. Já tenho várias ideias e projetos, que não deverão sair dessa rota, mas penso em propor novos formatos. Acho interessante pensar a programação com cuidado e abrir espaço para várias áreas, porque apesar de a Inconfidência ser uma rádio, ela não deve se basear apenas na música, contemplando também a literatura, o teatro, as artes plásticas, o cinema e o jornalismo”, diz Brisa.

Ela acrescenta que a rádio deve estar atenta ao contexto de uma sociedade “com demandas urgentes”.

“A Inconfidência merece ser vista e reconhecida, não só em Minas Gerais, como um exemplo de liberdade de expressão, de um espaço democrático, aberto à discussão. Nosso objetivo é fazer com que a rádio se torne uma referência dentro da comunicação pública, e, a partir disso, a gente pode desenvolver várias ações. Nós vivemos num Estado que é muito rico culturalmente, e a gente pode contribuir muito para esse processo como uma empresa de comunicação”, ressalta ela.

Trajetória. Formada em artes cênicas pela Universidade Federal de Minas Gerais e em jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte, Brisa já trabalhou na Rede Minas, entre 2012 e 2013, e na BH News TV. Foi coordenadora de comunicação da Cria! Cultura e secretária-executiva da Casa África, além de ter atuado como jornalista também em Portugal. É autora do livro “Entre as Veias de Fato” e é coautora dos títulos “Me Conte a Sua História 1” e “Me Conte a Sua História 3”. Ela está em fase de finalização de um novo volume que deverá sair neste primeiro semestre.

Atualmente, além de diretora artística da Inconfidência, ela apresenta dois programetes: “Disco de Pelúcia”, voltado ao público infantil, e “Lusofonia”. “O segundo mostra as expressões culturais de países que falam a língua portuguesa, como alguns do continente africano. A Inconfidência tem essa identidade em torno da música brasileira, mas para a gente entender a nossa música é importante mergulhar mais fundo e chegar a nossa ancestralidade, ligada à África, aos indígenas e aos colonizadores portugueses”, completa Brisa.

Sobre seu papel na rádio, ela reflete que percebe a si mesma como uma interlocutora interessada, sobretudo, em uma gestão baseada no diálogo.

“A mídia é um veículo e um poder que pode ser usado de várias maneiras. Eu penso na importância dela para promover o diálogo. Acho que muito no nosso país vem sendo feito de maneira autoritária e violenta, e eu tenho a esperança de que a gente possa inverter essa história. Estou no momento de transformar o luto em luta”, conclui a diretora artística.

Fonte:www.otempo.com.br

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